A viagem desta série em exposição é uma aventura pictória ainda enevoada, ainda turva, ainda nascitura, ainda em zigoto, embora pulsante em meio ao abstrato e impelida a fugir para longe das linhas das figuras.
Tanto PASSEI anos convivendo no dia-a-dia com uma produção linear como ilustrador de jornal, livros e arte digital que a inquietude do abstrato se sublevou como o ronco de um vulcão em meio ao nevoeiro.
Vêm à tona nesse processo as reminiscências de infância e a tentativa de buscar o mais remoto deslumbre e avistamento do mar, uma temática recorrente no meu repertório artístico. Também a lembrança nos tempos de guri, das marinhas quase abstratas do romântico Turner e a água escura de José Pancetti, cujas figuras eu recortava das páginas de resenhas de arte das revistas semanais que davam sopa nas salas de espera de dentistas, oculistas e médicos.
O tema da série se esparge daí em névoa, surge do impulso de ir mais fundo, além da arrebentação. Se esvai adiante da agitação das ondas figurativas, lá onde o espaço é sugerido por uma única linha que divide a tela, da calmaria da superfície banhada pelos raios de sol num final de tarde ao azul profundo que se encharca de cor e mergulha na escuridão.
O que está submerso nesse desassossego? Pássaros, barbatanas, sereias, monstros abissais, ocultos nas camadas do acrílico, escondidos no pigmento?
Ainda que inconscientemente, apesar de todas as fugas, o artista persiste na idéia de pescar o olhar.
Gilmar Fraga, 18 de outubro de 2013
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
CONVITE EXPOSIÇÃO
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Me abstraindo...
Comecei estas pinturas usando todas as tintas que eu tinha a mão... mas depois "pintou" uma vontade de submergir, rebaixar a explosão de cores, e esvaziar toda e qualquer intenção de sugestão de formas que mesmo essa massa de cor sugeria. Foi aí que me dei conta de que esta veladura de phthalo azul e pigmento preto, remetiam a uma "paisagem" esvaziada do fundo do mar. Hoje pela manhã, vendo o conjunto das telas, me dei conta que por coincidência quando iniciei esta série, pensei em chamar de "Rebentação" , porque justamente pra mim estas pinturas representam um mergulho maluco, que foge da zona da margem confortável da linha e da figura em busca de um outro lugar, mais profundo, um outro território onde não dou pé... sei lá.
domingo, 20 de maio de 2012
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